12 de julho de 2016


Moça não se preocupe chega uma hora que a gente aprender a viver sem. É que no começo parece que a vida vai parar, principalmente porque as horas parecem não colaborar, tudo passa mais devagar e a gente até pensa em maneiras para evitar levantar, como se faltar no trabalho fosse melhorar. O peso de recomeçar parece ser insuportável. Como que a gente vai continuar? Como vou passar naquela rua de novo sem lembrar? Como que faz para pular essa fase e tudo ficar bem? A gente se pergunta um milhão de coisas. A única coisa certa, porém, é que no fim a gente aprende a viver sem, daquele mesmo jeito que a gente vivia antes. A gente aprende a continuar. A gente aprende a passar naquela rua sem lembrar ou aprendemos a lidar com a lembrança. A gente aprende que pular a fase não faz a gente ser melhor. A gente encontra, dentro da gente, respostas de cada uma das um milhão de perguntas que a gente se faz. Porque é preciso receber cada um dos dias do jeito que eles aparecem pra gente. É preciso aceitar que tudo está uma bosta para que tudo volte a ser gostoso de novo. A gente aprende a viver sem um monte de coisas e pessoas nessa vida, mas a única delas que não podemos viver sem somos nós mesmos. A gente não pode esquecer de quem somos, do que gostamos e de onde queremos chegar. Não podemos esquecer de quem gostamos e de quem gosta da gente. Mas, do contrário, a gente pode tranquilamente aprender a viver sem aquele beijo, sem aquele sexo, sem aquela mensagem e sem a companhia. A gente aprende que toda vez que vermos aquele filme vamos lembrar daquela pessoa, a gente aprende que toda vez que ouvirmos aquela música vamos lembrar daquela pessoa. A gente aprende que aquelas fotos também podem ser só aquelas fotos. Por isso, fica bem, tá? Não dê forças para dor. Quando a hora chega a gente aprende que esse negócio de “um dia a hora chega” é verdade. Quando é dia seguinte a gente aprende que o dia seguinte também chega e faz bem mesmo. Quando uma nova pessoa nos elogia, a gente aprende a deixar pra lá os elogios daquelas velhas pessoas. É mais fácil do que parece ser e do que essas palavras podem explicar. Só você colocar na cabeça que, um dia ou outro, vai chegar uma hora que a gente aprende a viver sem. 

Jairo Luís 
(instagram.com/jairo.luis)

11 de julho de 2016


(...) Comecei a ficar mais atenta às verdadeiras razões dos meus choros, que, aliás, costumam ser raros. Já aconteceu de eu quase chorar por ter tropeçado na rua, por uma coisa à-toa. É que, dependendo da dor que você traz dentro, dá mesmo vontade de aproveitar a ocasião para sentar no fio da calçada e chorar como se tivéssemos sofrido uma fratura exposta. Qualquer coisa pode servir de motivo. Chorar porque fomos multados, porque a empregada não veio, porque o zíper arrebentou bem na hora de sairmos pra festa. Que festa, cara-pálida? Por dentro, estamos em pleno velório de nós mesmos, chorando nossa miséria existencial, isso sim. Não pretendo soar melodramática, mas é que tem dias em que a gente inventa de se investigar, de lembrar dos sonhos da adolescência, de questionar nossas escolhas, e descobre que muita coisa deu certo, e outras não. Resolve pesar na balança o que foi privilegiado e o que foi descartado, e sente saudades do que descartou. Normal, normalíssimo. São aqueles momentos em que estamos nublados, um pouco mais sensíveis do que gostaríamos, constatando a passagem do tempo. Então a gente se pergunta: o que é que estou fazendo da minha vida? Vá que tudo isso passe pela sua cabeça enquanto você está trabalhando no computador. De repente, a conexão cai, e em vez de desabafar com um simples palavrão, você faz o quê? Cai no berreiro. Evidente. Eu sorrio muito mais do que choro, razões não me faltam para ser alegre, mas chorar faz bem, dizem. Eu não gosto. Meu rosto fica inchado e o alívio prometido não vem. Em público, então, sinto a maior vergonha, é como se estivesse sendo pega em flagrante delito. O delito de estar emocionada. Mas emocionar-se não é uma felicidade? Neste admirável mundo de contradições em que a gente vive, podemos até não gostar de chorar, mas trata-se apenas da nossa humanidade se manifestando: a conexão do computador, às vezes, cai; por outro lado, a conexão conosco mesmo, às vezes, se dá. Sendo assim, sou obrigada a reconhecer: chorar faz bem, não importa o álibi. É sempre a dor do crescimento. 

Martha Medeiros

8 de julho de 2016


Por bem, decidiram então pelo fim. Depois de ininterruptos cinco anos. O primeiro foi de tremedeira nas pernas. No segundo, atingiram o nirvana sexual. Com o terceiro veio junto o apartamento. No quarto, desejo mútuo por terceiros. Finalmente, o quinto mostrou que haviam se tornado dois. Definitivamente, duas novas perspectivas de vida. Ela não pediu que ele ficasse. Ele chorou porque sempre foi o pilar sentimental do casal, e só por isso. Ela ficou com o apartamento. Ele com o labrador, com nome de ex-craque do Internacional. A última coisa que ele fez foi catar seus discos da Legião Urbana. Ela deu uma última olhada em volta. Ele entregou a chave. Ela deixou escapar que nunca vai esquecê-lo, de alguma forma. Ambos relembraram o plano de provar pra todo mundo que dava para coabitar romanticamente. A porta se fechou dando fim ao que não tinha fim. Ela decidiu rever tudo. Jurou que seria eternamente fiel à liberdade. Agora, madruga suas noites em discotecas, na companhia de estranhos e envolta em novos braços peludos. Aos sábados, dorme até meio dia para esquecer a antiga rotina de acordar cedo, fazer jogging no Parcão e almoçar os bifes maravilhosos da mãe dele. Não assiste mais novela, passou a usar mais vestido, começou a ouvir Bossa Nova e cogita tatuar o pé. Ele planejou uma revolução. Decidiu conhecer alguém novo, ligou para uma garota de programa. Hoje, não fica um dia sem compartilhar o violão com velhos amigos no Bar dos Podres. Invariavelmente, passa os domingos de chuva na cama, na companhia do Falcão, uma garrafa de Merlot e A Montanha Mágica, de Thomas Mann. Perdeu seis quilos no último mês, deixa roupas penduradas, trocou de emprego e cogita passar o feriadão em Ilha Bela. E suas vidas continuam, sob nova direção. Outro mês se foi, e eles não tem notícias e nem previsão de reprise. Ele é grato a si mesmo pela implosão das grades. Ela sente um mundo de possibilidades inflando ao seu redor. Ele pede aos amigos que digam a ela que até está bem, levando, obrigado. Ela não oculta uma certa tristeza no olhar na frente deles. Ele espera que ela esteja feliz e bem acompanhada, com alguém decente, que tenha ao menos o carinho que ela merece. Ela torce secretamente para que tão cedo ele não encontre uma garota “melhor”. Querendo ou não, ele pensa nela de quando em quando. Toda noite, se aproxima do velho apartamento com o labrador Falcão, e questiona as luzes apagadas já na tarde-noite. Fica imaginando se aquela dor crônica no pescoço curou, se tem comido beterraba e controlado direitinho a tireoide, conforme prometeu que faria. Agora, desconfia que as novas garotas da sua vida serão meros passatempos. Sente falta de ouvir aquela voz meio gasguita. Chega a pegar o telefone. Não telefona. Bem ou mal, ela sente sua ausência. Toda noite, evita estar em casa lembrando que o espaço do apartamento triplicou por um milhão. Sente falta de camisetas espalhadas aleatoriamente. Fica lembrando ele cozinhando espaguete al pesto, ou quando ele sentava na janela dedilhando “Tears In Heaven”, ou assistia o colorado comportadinho, roendo as unhas sem parar, os pés no sofá. Hoje, coleciona casos com cafajestes fajutos. Sente falta dos sermões que levava por andar descalça no chão frio. Verifica o funcionamento do telefone: tu-tu-tu. Presos pela liberdade, prosseguem cada um na sua, conectados por um fio invisível que não conduz mais eletricidade. Um fio de saudade dissonante e a certeza de que, amor como aquele deles, não acontece no tocar de uma varinha de condão. 

Gabito Nunes

7 de julho de 2016


Se já é difícil dar adeus quando não se ama, imagina quando se ama. Não é simples colocar um marcador de página numa história de amor e abandonar a leitura. Reconhecer que jamais terminaremos aquele romance. Não haverá recompensa por aquilo que se leu até ali. Ninguém nos contará o que aconteceu. Não participaremos do final feliz: os filhos, a velhice lado a lado, a casa cheia de netos. Não estaremos juntos na derradeira linha. É morrer sem ter morrido. É desaparecer estando onipresente. 

Fabrício Carpinejar

5 de julho de 2016


E a cada noite você se pergunta se ele sente a mesma falta que você sente. É claro que sente. A maioria das coisas importantes não se perdem tão cedo, e outras nunca se perdem. É claro que ele senta no sofá da sala respirando fundo, lembrando do quanto você gostava de ouvi-lo sussurrar manso por trás da sua nuca, alcançando sua orelha, que ele fazia questão de morder após terminar a série de elogios que fazia. É claro que ele coloca os fones de ouvido e coloca alguma música que não tem a ver com vocês, mas que por pura coincidência, o aleatório interrompe os cuidados e faz a canção que vocês costumavam ouvir juntos vir à tona, só para fazer lembrar o quanto aquela música marcou uma época importante. Época em que vocês eram felizes, e nem sabiam. 

Junior Lima

Obrigada por tudo o que vivemos até hoje. Por me ensinar que a vida é tão breve quanto a nossa despedida. Obrigada por me fazer tão sua, como nunca fui de alguém. Você foi o meu lar em dias nublados e ensolarados. E quando sentir saudade, ouve aquela música que a gente costumava ouvir e pensa em mim, eu certamente estarei pensando em você. 

 As últimas palavras, Bruna.

2 de julho de 2016


Faço o que me faz feliz, do jeito que me faz feliz e com quem me faz feliz, correndo entusiasticamente o risco dos insucessos. Se não deu certo, faz parte! Se ficou incompleto, acontece! Se não consegui hoje, amanhã dou conta! Que nosso único compromisso seja com nossa felicidade! E o sucesso? Ah! O sucesso é consequência! 

Danielle Hoepfner

A gente acha que não consegue atravessar o deserto da tristeza, que a tempestade nunca acaba, que a lágrima não cessa, que a dor não passa... Mas, aí Deus vem, nos dá calma pra tristeza, ameniza a tempestade, consola a lágrima, tranquiliza o coração e, pacifica o nosso ser, mesmo quando achamos que tudo é impossível. 

Fran Ximenes
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...