Moça não se preocupe chega uma hora que a gente aprender a viver sem. É que no começo parece que a vida vai parar, principalmente porque as horas parecem não colaborar, tudo passa mais devagar e a gente até pensa em maneiras para evitar levantar, como se faltar no trabalho fosse melhorar. O peso de recomeçar parece ser insuportável. Como que a gente vai continuar? Como vou passar naquela rua de novo sem lembrar? Como que faz para pular essa fase e tudo ficar bem? A gente se pergunta um milhão de coisas. A única coisa certa, porém, é que no fim a gente aprende a viver sem, daquele mesmo jeito que a gente vivia antes. A gente aprende a continuar. A gente aprende a passar naquela rua sem lembrar ou aprendemos a lidar com a lembrança. A gente aprende que pular a fase não faz a gente ser melhor. A gente encontra, dentro da gente, respostas de cada uma das um milhão de perguntas que a gente se faz. Porque é preciso receber cada um dos dias do jeito que eles aparecem pra gente. É preciso aceitar que tudo está uma bosta para que tudo volte a ser gostoso de novo. A gente aprende a viver sem um monte de coisas e pessoas nessa vida, mas a única delas que não podemos viver sem somos nós mesmos. A gente não pode esquecer de quem somos, do que gostamos e de onde queremos chegar. Não podemos esquecer de quem gostamos e de quem gosta da gente. Mas, do contrário, a gente pode tranquilamente aprender a viver sem aquele beijo, sem aquele sexo, sem aquela mensagem e sem a companhia. A gente aprende que toda vez que vermos aquele filme vamos lembrar daquela pessoa, a gente aprende que toda vez que ouvirmos aquela música vamos lembrar daquela pessoa. A gente aprende que aquelas fotos também podem ser só aquelas fotos. Por isso, fica bem, tá? Não dê forças para dor. Quando a hora chega a gente aprende que esse negócio de “um dia a hora chega” é verdade. Quando é dia seguinte a gente aprende que o dia seguinte também chega e faz bem mesmo. Quando uma nova pessoa nos elogia, a gente aprende a deixar pra lá os elogios daquelas velhas pessoas. É mais fácil do que parece ser e do que essas palavras podem explicar. Só você colocar na cabeça que, um dia ou outro, vai chegar uma hora que a gente aprende a viver sem.
Jairo Luís
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