"De
repente é noite e você está tão só! O meu dia foi pesaroso, mas eu sei
que o seu te doeu até agora e eu não posso amenizar nada com palavras
que pretendam ser abraços porque elas te falariam obviedades sobre
tempo, paciência e espera: quase uma crueldade quando o que a gente quer
é uma premonição, uma certeza, alguma frase cheia de sabedoria que
norteie nossa vida.
De repente a semana estará começando de novo,
mas só se passaram alguns dias e todos foram tão abarrotados de
ausência e medo e confusão interna, de uma busca quase estéril de se
sentir melhor, de fazer coisas por si mesma. E o buraco insistindo no
meio de dentro do corpo, o abismo gelado, o choro engrossado pela
escuridão e a descrença.
E eu te vejo encolhida num canto, o
desespero nos olhos, o peito abafado, a vontade do grito e a falta de
fôlego. E eu não sei a coisa mais bonita que eu poderia te escrever. Sei
que já vi borboletas voarem faltando um pedaço da asa e rosas incríveis
desabrocharem num copo com água: e é disso que me nutro pra acreditar
que a meteorologia nem sempre está certa e que dias tão cinzentos podem
ser prefácios de noites com sol.
Sei que se eu estivesse aí,
certamente estaríamos juntas no cantinho mais confortável de qualquer
lugar escolhido por você e eu te daria um abraço com tanto encaixe e
amor que você, por pelo menos alguns minutos, encontraria “ um pouquinho
de saúde, um descanso na loucura”.
E mesmo que o seu corpo todo
doa numa súplica e que “ele” seja toda sua ferida... Meu amor, eu
espero, sinceramente, que o pedacinho que falta na tua asa, não te
impeça o voo..."
Marla de Queiroz
1 Comentários ♥:
adoro
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